Amélia é que era mulher de verdade?

Sinto que muitos leitores do sexo masculino me criticarão por este post, mas como meu intuito aqui é gerar polêmica discussão, “vô falá” assim mesmo!

É muito comum para nós, mulheres, sermos questionadas acerca de nossas habilidades nas tarefas domésticas, como se isso fosse um pré-requisito para poder contrair o matrimônio: “Você não sabe cozinhar? Então como vai casar?”

Esse pensamento, embora muito arcaico, ainda domina as cabeças de muita gente. Ou seja, a ideia (quase) geral é a de que nós, mulheres, ditas modernas, que trabalhamos, estudamos, pagamos nossas contas, tomamos providências burocráticas, dirigimos e, por vezes, ainda aprendemos a operar furadeiras, parafusadeiras e a trocar pneus, na verdade só acumulamos funções.

De nada adianta agregar todas essas capacidades, pois não somos “perdoadas” se não formos excepcionais em cozinhar, lavar, passar e não soubermos de cor os preços de, ao menos, três marcas de sabão em pó em cinco supermercados diferentes.

E é daí que advém uma discussão perpétua no âmbito dos relacionamentos: será mesmo que nós, mulheres, por mais que trabalhemos fora e dividamos as contas da casa, temos de ser as únicas responsáveis pela manutenção do lar?

Talvez à primeira vista pareça meio absurdo o que estou dizendo, mas pare agora e pense: quantos casais você conhece em que o homem participa ativamente das tarefas domésticas? Quantos, efetivamente, lavam a louça, passam um pano na casa e se dignam a lavar o banheiro de vez em quando – para dizer o mínimo?

Uns 30%, eu diria. Ou seja, se vocês, homens, chegam cansados do trabalho, nós também. É justo que se tome como regra que, enquanto vocês relaxam no sofá bebendo uma cervejinha, nós tenhamos que cuidar do jantar sozinhas?


Isso não existe mais! Será?

Vamos analisar friamente: não seria ideal que rolasse uma divisão das tarefas?

Pode até soar descabida essa argumentação em pleno século 21, mas a verdade é que ainda é muito forte essa concepção de que a mulher tem que ser uma exímia mãe, dona-de-casa e “cuidar” do marido.

Aos poucos, essa tendência vem se invertendo, é verdade, e as coisas vêm ficando mais igualitárias, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido rumo à equidade - só para deixar claro, não sou feminista e sei que homens e mulheres jamais serão iguais, mas um pouco de “parceria” não faz mal a ninguém.

Talvez fosse o caso de as pessoas em geral (não apenas os homens!) começarem a valorizar as mulheres pelas suas qualidades como um todo, como o fato de ser parceira, dedicada e companheira em inúmeros quesitos – e não exclusivamente no que diz respeito à função de “zeladora do lar”.

* Texto inspirado em 24 anos de observações empíricas e sem nenhuma motivação pessoal ou ideológica.

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